quarta-feira, 15 de julho de 2009

É incrível como em algumas situações nos redescobrimos e nos deparamos, involuntariamente, com aquela pessoa que um dia fomos. Acho que porque essa pessoa, apesar dos anos, das mudanças, das feridas e cicatrizes, ainda está lá, no fundinho, dentro de nós, escondida, esperando o momento triunfal da volta. Por que, então, encobrimos essa pessoa, escondemos o que realmente fomos e, curiosamente, podemos ainda ser? Penso que se deixarmos para trás nossa casca adquirida com os anos e definitivamente optarmos por nos desfazer do medo, insatisfação, máscara, invólucro... poderemos, então, trazer à tona tudo o que um dia fomos, tudo o que um dia vivemos sem cobranças e preocupações.
Ontem encontrei duas amigas que há muito tempo não via. Depois de cinco minutos de conversa, ambas chegaram a conclusão de que eu continuo exatamente a MESMA maluca, sem-noção e patética existencialista de 16 anos atrás. Ou seja, apesar de todas as cicatrizes que adquiri (e, acreditem, não foram poucas) depois de todo esse tempo eu continuo a mesma adolescente de 16 anos de idade.
E olha, ultimamente, com todo o meu mau humor, falta de tolerância etc, etc, etc, eu já achava que tinha perdido, há muito, essa essência engraçada que eu costumava ter...Porque apesar das tragédias e problemas, as coisas acabavam sempre em risos e histórias para contar. Com 16 anos eu tive minha primeira depressão. Hoje eu sei que foi uma depressão, porque anos mais tarde acabei descobrindo que era disso que eu sofria e, portanto, trato até hoje. Mas na época, foi tão surreal tudo o que aconteceu comigo, que ninguém, absolutamente ninguém levou a sério meu problema. E olha que eu fiquei muito mal. Não conseguia ir para a escola e meus amigos, ao invés de se preocuparem comigo (porque eu estava muito mal), simplesmente vinham me buscar em casa sob uma desafinada serenata regada a Legião Urbana e afins. Era tudo muito engraçado, muito bacana. Afinal, somente eu sofria. Mas era assim que enfrentávamos as coisas.
E ontem eu descobri que apesar de todas a minhas mudanças, algumas pessoas ainda conseguem ver em mim aquela menina engraçada e absolutamente nonsense que divertia todo mundo com suas nerdisses e esquisitices.
Desculpem o desabafo, mas fiquei feliz com a percepção de minhas velhas amigas.

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