quarta-feira, 9 de maio de 2007

O post-punk hoje

Comumente relacionado com o indie rock dos anos 80, o post-punk foi bem mais do que isso. Surgido após o massacre sonoro e de comportamento do punk, desencadeado principalmente na revolução de 1977 com Sex Pistols na Inglaterra e Ramones nos EUA, tal vertente bebeu na fonte do "do it yourself", mas se superou ao apresentar ao mundo um som que, embora ainda fortemente contestador, já era mais elaborado musicalmente.
Assim, aquilo que poderia parecer tudo que veio depois do punk, hoje tem uma definição mais clara.
A semente do "movimento" foi plantada por dois punks típicos. Na virada do ano de 77 para 78, duas bandas começaram a implementar a idéia de sons mais elaborados, o Public Image Ltd., comandado pelo ex-vocalista do Sex Pistols, John Lydon, vulgo Johnny Rotten e Magazine, do também ex- vocalista de banda punk, do Buzzcocks, Howard Devoto.

O post-punk, basicamente deu origem a duas vertentes, uma mais sombria, orientada por sintetizadores, e que mais tarde impulsionaria o movimento gótico, e uma mais dançante.
O próprio post-punk sofreu forte influência não só do punk (de onde trouxe a contestação e ironia) mas de bandas e artistas que há muito já praticavam uma inovação.
Assim é que esse post-punk original praticado por Public Image Ltd. e Magazine bebeu na fonte do rock mais dançante de Roxy Music, no glam rock de David Bowie (e de sua trilogia alemã: Low, Heroes e Lodger), na crueza sonora de Velvet Underground e The Stoges e no minimalismo neo-dadaísta e eletrônico do krautrock alemão.


Além desses dois sons, o post-punk também ficou marcado pela distorção e microfonia dos shoegazer (assunto para um outro post).
Assim, influenciados por uma miscelânea musical e de comportamento, as duas vertentes, sombria e dançante começaram a se destacar.
De um lado, os primeiros, Joy Division e The Cure, e depois alguns mais como Echo and The Bunnymen, The Smiths e Bauhaus (este último já fortemente mostrando sua veia gótica).

De outro lado, na vertente mais dançante, Gang of Four, Pere Ubu, mais tarde Blondie e Talking Heads.


Entre as duas vertentes, um post-punk mais "punk", ops, com Siouxsie and the Banshees e Violent Femmes.
Derivados desse caldeirão sonoro, e mais tardiamente, os shoegazers Lush, My Bloody Valentine, Ride, Slowdive, Catherine Wheel e tantos mais.

Toda essa historinha aí acima é só para contar que o post-punk, em sua essência sombria e dançante, ainda existe. E renovado.

Bandas, principalmente européias, têm se destacado por trazer à tona, vinte anos depois, tanto a a melancolia quanto verve dançante característica daquele início de anos 80.
De um lado, Franz Ferdnand, Bloc Party, The Rapture, The Liars e LCD SoundSystem têm ensinado como dançar com um pé nos anos 80.


E, por sua vez, Interpol, Editors, She Wants Revenge, The Rosebuds, The Mary Onettes, Hearts of Black Science, Cut City, Voxtrot, The Cinematics e The Order perfazem um som melancólico e dilacerante, ensinado, principalmente, pelo eterno Joy Division.



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