segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

LET ME IN (DEIXE-ME ENTRAR) - Matt Reeves, EUA, 2010.

Låt den rätte komma in - Let the Right One In (Deixe ela Entrar) - Tomas Alfredson, SUE, 2008.


Não dá para falar de Let Me In,  sem mencionar Let the Right One In.
O original, sueco, é um filme grandioso. Lírico. Lindo. Sobre a solidão pré adolescente. Sobre medos. Sobre bullying. O vampirismo é só uma metáfora. E talvez, por isso mesmo, seja o melhor filme de vampiros dos últimos tempos.
Mas tem um problema: o filme é sueco!
E como todos sabemos, o norte-americano, aquele ser medíocre que domina o mundo, geograficamente e cinematograficamente, não gosta de nada que não seja seu. E ignorando totalmente o talento dos outros povos e o milagre da invenção das legendas, todo filme bom é usado de base para um remake quase sempre piorado.
Assim foi com Funny Games, a obra intocável de Michael Haneke que, conhecedor desse fato, preferiu ele mesmo "traduzir" seu filme para o norte-americano médio ávido por sucessos instantânes e comerciais, com medo, talvez, de que a tragédia do remake feito por outro fosse maior.
Agora chegou a vez de outra obra prima ser "traduzida" para os padrões norte-americanos.
O remake, Let Me In, transportou a história dos dois pré adolescentes suecos para o Estado do Novo México (???) nos Estados Unidos. O novo filme pouco mudou a história do original. Seguiu seu padrão. Mas ao transportá-lo para os Estados Unidos provocou dois efeitos: tornou as cenas violentas mais visualmente violentas e perdeu, e muito, o desespero solitário enrustido e traduzido pelas nevascas suecas do primeiro filme.
Em que pese esses detalhes importantes, ouso dizer que o filme novo não é ruim. Muito pelo contrário e em grande parte pela interpretação das duas crianças (Kodi Smit-McPhee e Chloe Moretz) e, mesmo com os maneirismos e clichês norte-americanos, o filme se salva.
Mas toda vez que os Estado Unidos resolvem fazer um remake de um filme bom, quiçá de uma obra prima, fica sempre aquele gostinho amargo de mexerem em algo que já nasceu intocável e que, para os fãs do cinema, não haveria a necessidade de "tradução" cultural.

Nenhum comentário: