quarta-feira, 14 de julho de 2010

Eu me cobro bastante. Sempre fui muito radical com minhas opiniões, conceitos, pré-conceitos e preconceitos. Sempre me exigi muito, e nessa jornada me decepcionei bastante, também. Descobri alguns anos atrás, logo que adoeci abruptamente com um tumor de ovário, que meu radicalismo e cobranças exageradas me prejudicavam. Estava me tranformando em uma andróide de mim mesma. Uma militar, batendo continência todos os dias para os meus velhos preceitos. Mudei. Descobri, depois que me curei do mal que me assolou por um tempo e me levou às quimioterapias, enjôos inteminaveis, carequice precoce e indesejada, que a vida é incoerente. Essa é a palavra: incoerência! Pessoas determinadas e dominadas pela coerência, um dia erram. E sofrem porque assoladas pela catastrófica incoerência e suas consequências.  O ser humano é ambíguo, diverso. Ninguém é totalmente coerente. Assim como ninguém é só bom ou só ruim. Hoje, seis anos depois de iniciar minha jornada rumo à compreensão dos "porquês" descobri a inevitável falta de controle que nós temos sobre quase tudo o que diz respeito à vida, essa coisa imensa e estranha, descontrolada às vezes, às vezes mansa, mas sempre intensa de sentimentos, bons ou ruins. Hoje sou incoerente e mais feliz (e porque não mais divertida) com esse meu defeito.
Assim, proponho a todos uma ode à incoerência generalizada de todos os loucos que acreditam em coisas não elementares e, sobretudo, em coisas que nos fogem ao controle todos os dias.

Nenhum comentário: